terça-feira, 11 de maio de 2010

Sem Desculpas... por O2 por minuto

Durante os períodos pré e menstrual, a performance da mulher fica reduzida. Mas as cólicas e a irritação não são motivos para não correr


Dor de cabeça, inchaço, cólicas uterinas e manifestações psicológicas –sobretudo, maior irritação. São esses os quatro sintomas básicos da menstruação –e da temida TPM (síndrome da tensão pré-menstrual). No ciclo, uma coisa anda ao lado da outra, é quase impossível separá-las. Mas nem mesmo as restrições que o próprio corpo impõe à mulher devem servir de motivo para afastá-la da prática esportiva. Ao contrário, a corrida ajuda a aliviar alguns sintomas.

“A mulher precisa ter a consciência de que menstruação não é doença. E que, levando em conta alguns cuidados, é possível praticar exercício, sim”, comenta Eduardo Crosara, fisiologista e médico do esporte pela Universidade Federal de Uberlândia.

• Hidratação: em vez de tomar 200 ml a cada 30 minutos, beba 100 ml a cada 15 minutos.
• Intensidade do exercício: o próprio corpo irá impor limites. Mas o ritmo da corrida deve ser leve e durar, no máximo, 40 minutos.

A performance, segundo Crosara, é reduzida em até 30% do primeiro ao sétimo dia, porque a mulher perde muito sangue. E a perda de glóbulos vermelhos, os responsáveis pelo transporte das moléculas de oxigênio, está diretamente ligada ao desempenho. Em 24 horas, é normal perder até 450 ml de sangue.

Além disso, há o desconforto da dor de cabeça e do edema, nome médico para o inchaço. No período pré-menstrual, a produção de hormônios que retêm líquido, especialmente o cortisol, pode aumentar o peso corporal em até 2 kg. “A mulher vai perceber principalmente nas roupas, mais apertadinhas. Esse inchaço causa desconforto, uma sensação tão grande de peso, que ela pode desistir de sair de casa para correr”, explica o professor-adjunto de ginecologia e obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG e mestre em saúde pública pela Universidade de Harvard Antonio Aleixo Neto.

Não é porque o corpo parece travar que a mulher deve parar a atividade. “Corra, mesmo que seja desconfortável. Vai liberar endorfina e ajudar a amenizar os sintomas. Ao começar será ruim, mas depois a sensação melhora muito”, comenta Maria do Carmo Borges de Souza, responsável pelo setor de reprodução humana do Instituto de Ginecologia da UFRJ.

Fora o aumento do peso, aumenta também a temperatura corporal em até 1ºC. Por causa disso, os ginecologistas e fisiologistas fazem um alerta especial sobre a ingestão de líquido. “No treinamento, além de tomar água a cada 15 minutos, é importante ainda molhar algumas partes do corpo como cabeça, testa, lábios, colo e nuca”, enumera Crosara. Todo cuidado é essencial para regular a temperatura, que já vai estar alta e aumenta ainda mais durante o exercício.

As cólicas, no entanto, são o pesadelo das mulheres. Aparecem de três dias antes até o segundo dia de menstruação e causam tanta dor em algumas mulheres que são capazes de deixá-las de cama. “Cólica é sinal de contração uterina, de que o endométrio está descamando porque não houve fecundação”, explica o ginecologista Aleixo Neto.

E aí entra a ação da corrida, mais uma vez. “Liberar endorfina é uma alegria para o corpo. E ajuda, inclusive, a diminuir essas indesejáveis cólicas e a dar uma levantada no astral”, comenta Maria do Carmo. Mas ela alerta que praticar corrida só por praticar não adianta muito. “A não ser que a cólica seja muito forte, a mulher não deve se render ao mau-humor, às pequenas dores e a indisposição. O exercício físico vai melhorar todos os sintomas.”

Outra ressalva fica por conta do pequeno aumento no fluxo menstrual durante a prática da corrida. “Não há porque se assustar. Isso é normal, já que há um aumento da circulação sangüínea e uma pressão maior sobre a musculatura do abdômen”, destaca a ginecologista da UFRJ.

Corrida e conforto
Ginecologistas e fisiologistas afirmam que não há nenhum impedimento de a mulher correr menstruada, mas, para evitar a preocupação com vazamentos, eles dão a dica de usar um absorvente interno e ainda um absorvente externo. Assim o risco de sujar a roupa é mínimo.

Quanto à roupa, algumas corredoras preferem usar o short mais apertado para sentir que o absorvente está mais seguro. Tanto os mais colados, quanto os mais larguinhos, podem ser usados tranquilamente.

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