quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Norma: 55 anos, 823 medalhas e zero patrocínio


Retirado do Portal NE10

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Maratona de exercícios começa cedo e com bastante disposição
Fotos: Andréa Almeida/ NE10
Andréa AlmeidaDo NE10
Entretanto, orgulha-se mesmo por ter conseguido chegar em 3° lugar feminino na II Super Maratona Acorja, no dia 7 de março de 2009, em meio a tantas dificuldades. “Sem patrocínio, eu não tinha nem energético para tomar durante a prova, um amigo que me ajudou e me deu um pouco do dele”, conta. A concentração foi às 3h30 e logo mais, às 4h, foi dada a largada dos 63 km, que teve início no município de Moreno e término em Gravatá, passando pela Serra das Russas. “Eu considero esse circuito o meu recorde pessoal de resistência, foi muito difícil, mas eu consegui superar os obstáculos e ganhei medalha”.

Basta ter como custear as inscrições das corridas, a alimentação, água, energético, e o que é preciso para exercício estável do corpo, que Norma acelera e vai longe. Disposição é o que não falta na atleta “cinquentinha” com um corpinho de 20. Quando questionada sobre a manutenção do físico, ela responde que é preciso muita dedicação, alimentação balanceada, não beber, não fumar e dormir cedo. “Sou apaixonada por empanado e coxinha, mas evito ao máximo”, confessa e diz que “o divertimento é a corrida”. 



Há 17 anos Norma faz parte oficialmente do Clube dos Corredores do Recife (Corre), que é filiado à Federação Pernambucana de Atletismo (Fepa), mas participa de todas as provas ao seu alcance, também de outras organizações, como a Corpore e Acorja. Só lamenta não ter patrocínio permanente de nenhuma instituição e diz que os atletas são pouco valorizados. “A única ajuda que recebo atualmente é da Pense & Borde, que está me presenteando com roupas que preciso para as corridas. Mas não recebo nenhuma verba mensalmente”, explica complementando que até hoje aguarda pelo apoio prometido pela Secretaria dos Esportes do Estado de Pernambuco.  



“Eu não estou pedindo um patrocínio para ir para fora do País, não precisa ser muito. Queria só o necessário para conseguir pagar as inscrições, que estão ficando cada vez mais caras, e também que me ajudassem com o custo das viagens”, esclarece a corredora, que já participou, inclusive, de 16 corridas em Salamanca, na Espanha, com a ajuda de seus dois filhos que moram lá. 

Faz um bico aqui, outro acolá. Trabalha, quando tem clientes, como massagista. Também treina de vez em quando alguns colegas do Corpo de Bombeiros da PM. Assim consegue render algum dinheiro, aquele que paga as contas, corridas, alimentação e todas as necessidades de uma pessoa comum. Já fez remo, arriscou rapel, e corre até de costas. Simpática, foi parada diversas vezes por colegas à beira-mar de Piedade durante a entrevista. 

Norma já superou todas as etapas do atletismo (da simples corrida a ultra maratona), e, beirando a boa idade, diz que vai continuar a correr até seus 80 e poucos anos. Uma resposta viva ao pensamento arcaico de que a vida dos mais velhos é sentar-se numa cadeira de balanço, posta na calçada de casa, para observar o tempo passar. O tempo para Norma não passa despercebido, é cronometrado. Corre na veia e no coração. Ela não para no tempo, cada milésimo de segundo faz diferença. Corre contra o tempo, vence-o sempre que dá, e diz que mais gratificante do que uma medalha é a sensação de liberdade, uma superação pessoal.
Quando os primeiros raios de sol riscam o céu de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, e o cheiro peculiar da manhã incensa a Avenida Bernardo Vieira de Melo, ela sai com o simpático Guinay (o cão) para passear. São 4h30. Volta para casa e, sempre que possível, segue à risca sua dieta: banana com granola e mel. O energético fica por último; é o responsável pelo “start” da maratona diária de Norma Lane Bezerra Daltro. Ela tem pressa. Corre para o calçadão da praia e se alonga em 25 minutos. Na areia fofa faz 1 hora de corrida sem parar. Conclui o dia com 15 km, não esquecendo a academia, onde separa uma das 24 horas para ginástica. São 55 anos de vida, 20 anos de atletismo, 823 medalhas e nenhum patrocínio. 
Uma rotina frenética para poucos. A atleta conta que tudo começou quando um “olheiro” disse que ela tinha jeito. “Eu estava recém-divorciada. Minha filha fazia ginástica olímpica e eu sempre a levava para o treino. O Palhaço Cacau me chamou para fazer uma aula e perguntou se eu não queria participar de uma corrida. Eu aceitei”, lembra. Com o circuito de 8 km, o “début” aconteceu em 1981. A 1ª Corrida Jaboatão Velho teve como campeã Norma Lane. “Era minha primeira disputa e eu venci em 1° lugar. Depois daí não parei mais”, entusiasma-se.

Com 123 km e 510 metros, o recorde de distância já percorrida por ela foi alcançado nos dias 17 e 18 de setembro deste ano, na IV Ultra Maratona Rio 24 horas – 1° Campeonato Brasileiro, no Rio de Janeiro, organizada pelo clube de corredores Corpore. Entre 217 atletas, Norma ficou em 98° lugar geral, em 16° lugar do sexo feminino e conquistou o 2° lugar da faixa etária (55 a 59 anos). 

2 comentários:

  1. Eita mulher danada! Você é uma fortaleza e um orgulho para todos nós! Amanhã, nos encontramos na CICORRE Jaqueira, né?

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  2. Um exemplo de dedicação, entusiasmo e superação!! Parabéns Norminha!! Continue assim, com esse espírito de luta! Vc nos inspira!!!! =)

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